Uma frente subtropical está se formando nas regiões Sul e na região Oeste do Estado, o que deverá trazer chuva para Goiás nos próximos dias. Segundo informações do Sistema de Meteorologia e Hidrologia (Simehgo) da Sectec, a tendência é de que a partir desta sexta-feira, dia 10, ocorra aumento de nebulosidade também nessas regiões (Sul e Oeste) possibilitando que chuvas em quantidades significativas atinjam todo o Estado.
Porém, mesmo nos dias de chuva, de acordo com a superintendente de Políticas e Programas da Sectec, Rosidalva Lopes, as temperaturas devem permanecer elevadas. “Muito calor, sol e chuvas intensas são característicos do verão, e tudo isso deverá continuar até o fim desta estação”, confirma Rosidalva.
“Tivemos uma estiagem até mais prolongada que o esperado para o período, em função de uma massa de ar seco e quente se manteve sobre o nosso Estado, o que inibiu a formação das nuvens, bem como as condições propícias para a ocorrência de precipitações (chuvas)”, explica ela, esclarecendo sobre o calor intenso dos últimos dias em Goiás.
Alerta
Segundo ela um fato que merece atenção especial é a irregularidade dos índices pluviométricos neste período do ano. Fato que constitui, sim, um motivo de grande preocupação, sobretudo para os agricultores. “Estamos tendo municípios com muita chuva e outros com índices pluviométricos bem abaixo do esperado, e isso é uma preocupação, porque a partir do momento que a chuva não é uniforme, ela começa a prejudicar a agricultura”, esclarece Rosidalva.
Segundo ela as chuvas que ocorreram na região Central do Estado e na capital em dezembro, quando foram registrados índices pluviométricos em quantidades muito acima da média esperada (500 milímetros de chuvas, quando o esperado para o mês era 250 milímetros), são chuvas utilizadas especificamente para o enchimento de reservatórios de hidroelétricas, e que não auxiliam o setor agrícola. “São chuvas muito fortes e com bastante intensidade, o que acaba sendo muito prejudicial para o setor agrícola”, diz ela.
Desafios
De acordo com levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), divulgado nesta semana, devido a essa irregularidade dos índices pluviométricos em Goiás várias regiões do Estado já enfrentam prejuízos com a estiagem. As perdas estimadas já chegam a 10% da produção de soja, evidenciando a gravidade da situação.
De acordo com a Faeg, o problema é maior nas regiões Sudoeste e Sul do Estado, localidades na quais as chuvas em manchas esparsas têm sido muito frequentes. Em média as precipitações não ocorrem significativamente há 20 dias nessas regiões e os produtores já avaliam perdas no potencial produtivo das lavouras.
De acordo com o consultor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/Faeg), Cristiano Palavro, em alguns casos a perda registrada nas lavouras goianas já é considerada irreversível, embora as chuvas e a previsão dessas sejam sempre muito bem-vindas. “A expectativa é de que essas chuvas venham e possam ser bem distribuídas, e que não sejam esparsas ou isoladas como tem ocorrido até agora”, diz ele.
Segundo ele, como a maior parte da produção goiana é feita em sequeiro (técnica agrícola aplicada ao cultivo em terrenos de pluviosidade diminuta, desenvolvida em áreas com pouca rotação de culturas e muito utilizada no Cerrado brasileiro) e em terreno arenoso, isso aumenta a necessidade por chuvas regulares e bem distribuídas para uma produção satisfatória de grãos.
“Na falta de água não há muito o que fazer, contudo, o produtor deve ficar alerta ao que chamamos de fatores controláveis”. Esses fatores seriam, segundo ele, um possível aumento na população de lagartas e de outras pragas que a estiagem poderia intensificar. “Além disso é importante que o produtor esteja atento e não descuide do manejo normal da lavoura com relação ao combate a diversas doenças e ferrugens também”, orienta.
Definição do potencial produtivo dos cultivos
Segundo Cristiano, a fase atual das lavouras goianas plantadas em outubro é denominada fase de enchimento de grãos, quando é feito o transporte de nutrientes da planta para os grãos. “Essa fase é crucial para a definição do potencial produtivo e é uma fase muito exigente com relação à água, motivo pelo qual a estiagem torna-se tão prejudicial”, esclarece o consultor.
Fonte: Goiás Agora